sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cuidado com o "abdômen de tanquinho"!

Polifenóis da alcachofra: sem base científica
Médicos que se intitulam dermatologistas mas que não possuem título de especialista na área têm recomendado na mídia injeções locais de polifenóis da alcachofra para "secar" a gordura da parede do abdômen. O apelidado "tanquinho" virou febre no país e ganhou a adesão de pessoas, algumas famosas, interessadas em ter a barriga sarada com menos esforço.
Publicações científicas sobre esta substância trazem alguns relatos pouco convincentes sobre propriedades antioxidantes e preventivas de acidentes cardiovasculares após sua ingestão oral. Não existem citações médicas sobre o seu uso em injeções subcutâneas que, portanto, não devem ser utilizadas até que pesquisas científicas comprovem sua eficácia e segurança.
Efeitos a longo prazo não são conhecidos
Por incompreensão e desejo de imediatismo, criou-se uma compulsão para melhorar rosto e corpo que leva pessoas a cometerem extremismos preocupantes. Assim, ao surgir um novo "milagre estético", não se leva em conta o rigor científico e a novidade passa a ser rapidamente adotada, sem receio de possíveis efeitos negativos.
Por que não exigir para tratamentos estéticos, o mesmo rigor que se adota para o uso de qualquer tratamento médico? Estas drogas são absorvidas pelo corpo tal qual antibióticos, antidepressivos ou hormônios. Não se conhece o seu metabolismo, toxicidade e efeitos a médio e longo prazos. Por que aceitar tratamentos sem respaldo científico, expondo ao risco nossa saúde pelo simples apelo estético?
Candidatos a tratamentos estéticos devem ter um organismo sadio. É uma afronta aos preceitos básicos da Medicina, que tais tratamentos lhes desencadeiem doenças ou anormalidades. Amargos exemplos deixaram lições: as injeções de fosfatidilcolina (o lipostabil), que teriam a mesma função das de alcachofra, têm hoje o seu uso proibido pela Agência de Vigilância Sanitária, pela falta de comprovação científica e por desconhecimento de efeitos colaterais, além das complicações que o seu uso causou.
Beleza é resultado de um conjunto
Medicamentos e procedimentos estéticos novos, seguros e eficazes, não são tão numerosos como nos fazem crer as notícias da mídia que se antecipam à ciência. São necessários anos de estudos até que se revelem seguros.
Não condenamos os procedimentos estéticos, os apreciamos e os praticamos. Mas necessitam de aprovação científica antes da sua adoção. A saúde e a beleza do corpo resultam de um conjunto de fatores que envolve, além da genética, hábitos ligados à boa qualidade de vida física e mental.
Fonte: Revista Ensino Superior - SP (Artigo da Dra. Bogdana Victoria Kadunc).
Veja também sobre a proibição do uso da fosfatidilcolina para uso estético.

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